domingo, 17 de janeiro de 2016

O toque

“... Ao delicioso toque do clitóris, 
já tudo se transforma, num relâmpago. 
Em pequenino ponto desse corpo, 
a fonte, o fogo, o mel se concentraram. 

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara, 
mas, varado de luz, o coito segue. 
(...) E num sofrer de gozo entre palavras, 
menos que isto, sons, arquejos, ais, 
um só espasmo em nós atinge o clímax: 
é quando o amor morre de amor, divino. 

Quantas vezes morremos um no outro, 
no úmido subterrâneo da vagina, 
nessa morte mais suave do que o sono: 
a pausa dos sentidos, satisfeita. (...)”

                             Carlos Drummond de Andrade


  

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