Gosto desse teu olhar em mim,
ousado, sedento, a fim,
que me enxerga como se nua estivesse
e, quando nua, me veste
de dengos, delícias e doçuras,
me propondo as mais inusitadas loucuras
sem dizer palavra alguma.
Gosto de te ver assim,
com urgências brotando em suspiros,
ditando o ritmo em que respiro,
fechando os olhos enquanto me abre,
abrindo a boca enquanto me sabe
tua, entregue, vertendo,
estando, ficando, sendo
a que transforma brisa em vendaval,
tem bem, teu norte, teu mal,
teu princípio, teu fim,
teu meio com que me farto
quando me abandono ao teu paladar e tato
e me encaixo em ti, enfim,
enfeitando o ar com meu cheiro inato
de despudor e jasmim.
Gosto de te ver assim.